“Eu sou um sobrevivente”, afirma o afegão Kazem Ahmadi em live
Por ocasião do Dia Mundial do Refugiado
Por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, celebrado pelas Nações Unidas no dia 20 de junho, o jovem afegão Kazem Ahmadi participou, nesta segunda-feira, 20, da live com o tema “Procura-se um lar”, organizada pelo projeto Planeta de TODOS, braço social do Cartão de TODOS. A programação faz parte de uma série de eventos que Ahmadi tem participado desde que chegou ao Brasil, no início do mês. Assista a íntegra da live.
Na transmissão ao vivo, ele explicou a realidade do Afeganistão, hoje sob o comando do Talibã, e sua história de vida. “Eu tive os meus direitos violados. Não tinha mais segurança para viver lá, para fazer o que eu queria, para estudar, para ter os meus amigos, jogar futebol”, afirmou. Segundo Ahmadi, a única opção era sair do país. “Saí do Afeganistão há 11 anos porque havia pessoas que queriam que eu estivesse ao lado deles e eu não aceitaria estar”, explicou.
Por ocasião do Dia Mundial do Refugiado
Kazem reforçou ainda, que se pudesse ter feito algo pelo país não teria se mudado do Afeganistão. Por isso, se considera um sobrevivente. “São 40 anos nessa situação, então nós sabemos lutar por nós mesmos, mas infelizmente quando te colocam uma arma na cara você precisa sobreviver e foge. Eu sou um sobrevivente”, desabafou.
O jovem afegão também contou como foi a sua saída do país quando cruzou a fronteira há mais de uma década rumo ao Irã. “Havia corpos mortos pelas tropas iranianas. Eles matavam as pessoas só pelo simples fato de vê-las próximas às fronteiras”. O jovem viveu no local por 7 anos, onde trabalhou, estudou e viveu com muita dificuldade, já que os afegãos não eram bem recebidos pelos iranianos.
Do Irã, Ahmadi seguiu para Turquia e de lá para Grécia. Depois de semanas vivendo pelas ruas e sem acolhimento oficial do governo grego, foi recebido pelo projeto Planeta de TODOS. “Fiquei na Grécia trabalhando como tradutor e sempre procurando um lugar para morar. Conheci a ONG, fiz a entrevista e fui muito bem recebido e acolhido. Posso dizer que faço parte deste programa lindo, que é o primeiro que tenta ajudar pessoas mais vulneráveis, como homens jovens de 18 a 30 anos. Se não tivessem essas ONGs na Grécia, não sei o que faria da minha vida”, disse.
Após a apresentação de Kazem, também falaram o Vice-Presidente do Cartão de TODOS, Tales Vilar; o diretor do Planeta de TODOS, André Naddeo e a Coordenadora do Planeta de TODOS, Laila Ben Chaouat El Fassi. Vilar contou na live sobre como começaram o trabalho da ONG na Grécia e fez um levantamento da atuação nos últimos 6 anos em Atenas e na Itália. “Temos muito orgulho dos nossos números. Conseguimos mudar a vida de quase 200 pessoas com os apartamentos, além de muitas outras com as atividades no campo, ações pontuais e trabalhos com outras ONGs. Atuamos nas lacunas do Estado e atendemos uma gama de pessoas sem acesso a direitos”, pontuou.
André Naddeo explicou porque o foco de atuação do projeto são os homens solteiros. “Enquanto morei na Grécia, como jornalista independente e voluntário no campo de refugiados, notei que os homens não acompanhados ficavam para trás nas filas e acabavam morando na rua. Eles são mais suscetíveis a diversos tipos de máfias, como drogas e prostituição”, afirmou. Por isso, alugaram uma casa para acolher os refugiados.
Leila El Fassi explicou que, após a experiência do campo de refugiados, sentiu que precisava abrir um projeto para esses rapazes. “A ideia era oferecer uma casa com segurança, com alimentação, com rotina de sono e de estudos. Eles só precisavam construir confiança e pensar no processo de reinserção e não sobre onde dormir, por exemplo”, disse. Ao total, o Planeta de TODOS já atendeu pessoas de mais de 24 nacionalidades diferentes com o objetivo de oferecer transformação social, além de casa e comida.